15 de dezembro de 2007

Comunidades de Prática no Poder Judiciário

Segue trabalho que apresentei em 2005 no meu curso de especialização em gestão do conhecimento e inteligência empresarial, na cadeira de comunidades virtuais, ministrada pelo professor Carlos Nepomuceno.

Antes gostaria de por em relevo que o trabalho foi apresentado em 2005 e que hoje, com o advento da Web 2.0, há instrumentos muito mais arrojados que os então disseminados.

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Novos Modelos de Negócios
Comunidades Virtuais
Professor: Carlos Nepomuceno
Aluno: Renato Saldanha Lima

1) Justifique porque sua empresa deve adotar comunidades de prática.

Sou funcionário público do Tribunal Regional Federal da 2a Região e penso que a instituição a que pertenço, assim como o Poder Judiciário como um todo, se beneficiariam, e muito, com a introdução de comunidades virtuais no seu dia-a-dia.

Como bem sintetizado por Pierre Lévy:


“o estabelecimento de uma sinergia entre competências, recursos e projetos, a constituição e manutenção dinâmicas de memórias em comum, a ativação de modos de cooperação flexíveis e transversais, a distribuição coordenada dos centros de decisão, opõem à separação estanque entre as atividades, as compartimentalizações, à opacidade da organização social”.


Porque as comunidades virtuais constituem um bom instrumento para o estabelecimento dessa sinergia, que se opõe a tudo que, como acima apontado, é nefasto na burocracia estatal, é que reputo serem elas fundamentais a um Poder Judiciário que se quer moderno. Desse modo, as comunidades virtuais no tribunal em que trabalho deveriam ser adotadas para possibilitar um amplo debate acerca dos mais diversos assuntos: das práticas gerenciais institucionais às matérias de direito propriamente ditas.

Entretanto, como veremos a seguir, são enormes os entraves à introdução desse instrumento em estruturas administrativas fortemente hierarquizadas e compartimentadas como a do tribunal. Ou seja, em verdade, a cultura corporativa repele esse tipo de iniciativa.

2) Em que setor você sugere implantar?

Como disse, entendo que muitas comunidades precisariam ser implantadas. Mas as mais prementes, as que mais impacto trariam para a agilização da máquina estatal judiciária seriam aquelas mais críticas, as que se referem aos gabinetes de trabalho dos desembargadores e às secretarias que lidam diretamente com os autos dos processos judiciais. O tribunal divide-se em grupos de desembargadores: tribunal pleno, órgão especial, seções e turmas. Primeiramente, deveria ser escolhida uma das turmas (menor órgão fracionário do tribunal composto por três juízes) que reunisse algumas características específicas favoráveis à adoção das comunidades. Tais como desembargador presidente e diretor de secretaria simpatizantes das novas práticas gerenciais e alinhados com a tecnologia.

Assim, proponho que a primeira comunidade virtual do tribunal seja implantada numa turma (secretaria e gabinetes).

3) Como detalharia a comunidade?

3.1) As pessoas

Aqui se encontram os grandes obstáculos para o sucesso das comunidades virtuais no tribunal. A maioria dos funcionários não têm e-mail provido pela instituição. Não são todos que têm familiaridade com a tecnologia. Bem como muitos considerarão que a participação em comunidades constitui desperdício de tempo.

Para contornar esses obstáculos, penso que as comunidades virtuais deverão ser implantadas aos poucos.

Escolhida a turma com as características apontadas na questão anterior, o próximo passo seria identificar dentro desse grupo aquelas pessoas mais proativas e com maturidade na rede para formar o grupo de apoio. Não esquecendo de incluir uma ou mais pessoas com o perfil descrito ocupantes de postos-chave na hierarquia administrativa e/ou judicial da turma.

Depois de formado o grupo de apoio, o trabalho seria o de povoamento gradual da comunidade com os demais funcionários e desembargadores que se interessassem em participar.

3.2) Tema

O tema seria restrito à organização administrativa da secretaria da turma e sua integração com os gabinetes dos desembargadores.

3.3) Regra

A comunidade seria fechada e moderada por uma das pessoas integrantes da hierarquia administrativa da turma. Todos poderiam enviar mensagens e todos as receberiam na íntegra ou por meio editado (boletim), de acordo com a opção de cada um.

3.4) Idioma

Uma vez que todos os membros da comunidade serão brasileiros, o idioma utilizado será o português.

4) Que ferramentas você utilizaria?

Lista de discussão.

Boletim informativo.

Enquetes.

Site para abrigar a base de conhecimento gerada.

5) Quais os benefícios esperados com a sua adoção?

Discussão, adoção e disseminação de novas práticas que permitam uma prestação jurisdicional mais célere dentro do âmbito da turma.

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